sábado, 31 de outubro de 2009

Brisa

Meu sonho se fez pó
na triste estrada que a brisa soprou
Meu olhar se fez um só
diante de tudo o que a brisa levou

Levou o branco do vestido
e o azul da renda clara
levou a flor do meu cabelo
e a meia fina nunca usada

Levou os risos no jardim
e a alegria da nova casa
Levou presentes embrulhados
e a foto no espelho recém tirada

Tudo o que a brisa roubou
deu aos outros sem pedir
E dos vestígios do meu sonho
vivem eles a sorrir

A planta caída do vaso já não cresce como outrora...

Tudo o que a brisa deixou
foram lágrimas roladas
Os olhos atrás da janela
vendo a alegria na porta

Palavras de falta de adeus
suspiros de deixe-me entrar
Chamados de vamos agora
tristezas de não mais ficar

Tudo o que a brisa deixou
são quadros de outras histórias
De outros vestidos vestidos
de outras marchas tocadas

Retratos de outros vagidos
de outras primeiras palavras
Notícias de outros consórcios
de outras diferentes estradas

Meu sonho se fez poeira
na brisa que a estrada levou
Minha dor ficou inteira
no peito que nunca embalou

E hoje agradeço contente
a vida que a estrada tomou
Onde nenhuma outra vida
um triste acalanto escutou

Solo maldito e sem vida
que a brisa gelada secou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário